domingo, 26 de dezembro de 2010

Cecília Meireles

Porquê hoje esta saudade da poesia de Cecília Meireles?

A nostalgia da/na sua poesia.


Resíduo (Cecília Meireles)

Quando passarem os dias,
e não mais se avistar
nosso rosto, e o sereno
modo nosso de olhar,

e a nossa evaporada
voz não viver mais no ar,
e as sombras esquecerem
a que era a do nosso andar,

vai ser doce pensar-se,
- em que secreto lugar? -
nos sonhos que inventávamos,
ternos e devagar,

no perfil que tivemos,
tão fino e singular,
e no louro e nas rosas
que o poderiam coroar,


e nos vergéis que sentíamos,
quando íamos a par,
ouvindo o amor, que nunca
chegou a sussurrar.


 De entre os vários Motivos da Rosa, escolhi do Quinto

(...)
Mas não chores, que no meu dia,
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem.

De Evidência, a primeira quadra
Nunca mais cantaremos
Com o antigo vigor:
o entusiasmo era inútil,
e desnecessário, o amor.
(...) 

E por último, de Anjo da Guarda 

(...) debruço-me e não vejo de que parte
podes ter vindo, nem por que motivo.
e a coragem perdi de perguntar-te.

deixo-te isento. não serás cativo
de quem não quer te ver no cativeiro
de enigmas (...)

Meu Sonho (Cecília Meireles)

Não acredito (?) no acaso. Fui procurar na minha Obra Poética, de Cecília Meireles, algo que me remetesse para a minha nostalgia. O livro foi-me dado no Natal de 67. Estranho! Estaria no meu subconsciente esta saudade?

Já agora que tenham tido um Bom Natal!





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