segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Do meu baú de cinema - Nicholas Ray

Ontem um filme, hoje um autor.
Lembro bem, no Cine Clube da Dois, o ciclo dedicado a Nicholas Ray. Os filmes deste autor marcaram uma época. 
No entanto, no meu entender, as traduções dos títulos para português deixavam muito a desejar.
O excelente “Knock on any door” foi traduzido como “O crime não compensa” e “Matar ou não matar” foi atribuído a “In a lonely place”. Os títulos em português (um título traduz algo, não?) não permitem descortinar as marcas distintivas de Nicholas Ray. O espectador menos atento pode confundir estes filmes com vulgares policiais. No entanto, os seus protagonistas são seres frágeis, humanos, embora violentos, que não têm nada a ver com os super heróis estereotipados, posteriormente glorificados por Hollywood, e que proliferam desde os anos 80 até aos nossos dias.
Nestes dois filmes, a intriga, a violência física e mental são excedidas e constituem o contexto onde se movem personagens de características marcantes, capazes de se associarem a sentimentos sublimes e a paixões arrebatadoras.
De “In a lonely place” não é possível esquecer
“Eu nasci quando ela me beijou, morri quando me deixou, e vivi algumas semanas enquanto ela me amou”
nem a composição da personagem de um homem agitado, interpretado por Humphrey Bogart, numa figura tão ao seu estilo.

Já em “Knock on any door” ressalta a sensibilidade de Humphrey Bogart em contraste com a criminalidade juvenil a que John Derek deu corpo, a acusação de uma sociedade que permite o desabrochar de delinquentes como este problemático Pretty Romano Boy. Há ainda o desfecho inesperado que transforma uma causa quase ganha numa causa perdida.

Que me recorde “Johnny Guitar” não fez parte da cinematografia do Cine Clube, dessa época. Gravei-o posteriormente numa, actualmente obsoleta, cassete VHS que ainda guardo religiosamente.

François Truffaut escreveu "Este filme teve mais importância na minha vida do que na vida de Nicholas Ray".

Recordar Nicholas Ray é falar de bom cinema, principalmente o realizado nas décadas de 40 e 50. Dois links para quem quiser começar

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