segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Lareira

Neste Outono de 2013 é a primeira vez que acendo a lareira. Já começava a apetecer, com este tempo fusco embora não frio.

É uma companhia.

Qualquer destes gestos, por mais simples que seja, me custa. Fazia-os contigo e para ti.

É só um apontamento.

domingo, 3 de novembro de 2013

O Estado da Nação e Funções Sociais do Estado

Há pouco mais de um ano, publiquei o seguinte artigo num outro blogue. Volto a publicá-lo porque lhe encontro ainda mais actualidade.
"A situação que a Nação está a viver é terrível, não só pelas restrições que têm caído sobre o povo português, a existência de milhares de desempregados, o aumento da pobreza extrema, como pela destruição das funções sociais do Estado.
 Enquanto, amanhã no Parlamento, se estará a debater o Estado da Nação, realiza-se o primeiro dia da Greve Nacional dos Médicos em defesa do Sistema Nacional de Saúde.
Convergindo com a luta dos médicos, está marcada para Lisboa uma manifestação de Professores, Educadores e Investigadores promovida pela FENPROF, manifestação de protesto, indignação e exigência de condições que permitam a continuação de um dos mais importantes pilares da nossa democracia, a Escola Pública.
Para além das reivindicações profissionais destes dois sectores, e o debate parlamentar assim o evidenciará, estas duas lutas têm como denominador comum a defesa de Funções Sociais do Estado que o atual Governo, alicerçado no “patriótico” acordo com a troika, tem procurado destruir: o Sistema Nacional de Saúde e a Escola Pública. A destruição, o desejo de que a mesma se efetive são notórios. Depois de o Tribunal Constitucional se ter pronunciado sobre a inconstitucionalidade da suspensão dos subsídios a funcionários públicos e aposentados, o primeiro-ministro Passo Coelho questionou a oposição sobre “onde se poderia cortar mais na Educação e na Saúde” (cito de memória). Porque se terá lembrado logo da Saúde e da Educação?
 As medidas que se têm verificado na Educação e que se prefiguram para o próximo ano letivo (super – mega – agrupamentos, a chamada revisão curricular, o aumento do número de alunos por turma) têm um só sentido: cortar. Prevê-se um aumento abissal do desemprego docente, cerca de 25 mil entre professores contratados e dos quadros Mas mais: a Educação deixará de ter como objetivo principal a formação integral de indivíduos, conscientes e críticos, capazes de se adaptarem a um mundo em constante mudança, onde o conhecimento explode a passos largos (não confundir com passos de coelho).
 Neste momento, há razão para que todos os Portugueses se preocupem com a Escola Pública como parte integrante do Estado Social e a (não) qualidade das suas respostas. Recordemos Martin Niemoller.
"Primeiro, os nazis vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, eu me calei.
Depois, vieram buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, eu não protestei.
Então, vieram buscar os sindicalistas, mas, como eu não era sindicalista, eu me calei. Então, eles vieram buscar os católicos e, como eu era protestante, eu me calei.
Então, quando vieram buscar-me... Já não restava ninguém para protestar."

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Parque de Campismo de Coimbra


Nas nossas múltiplas idas a Coimbra, ficámos muitas vezes num bungallow do Parque de Campismo.

Era mais barato do que o Hotel, podia fazer-se (ou aquecer-se) o jantar que ia da Aldeia de Joanes, tudo economias, e, quando o tempo estava bom, tínhamos magníficos pôr-de-sol.

No dia seguinte, consulta e/ou quimioterapia.

No final de 2012, fomos dispensados destas idas. O prognóstico estava feito.

Não haverá, para nós, mais daqueles ocasos espectaculares.

domingo, 20 de outubro de 2013

Natureza

A Natureza, o perfume das flores, o azul do céu
ou o seu cinzento bravio,
atraem-me num arrepio de paixão.

Sinto a alma cheia de beleza, e leve, leve,
ao pé do mar, respirando sal,
e bebendo azul de algas encarnadas.

Amo uma árvore, uma folha velha,
um rio, uma montanha, um vale.
Amo a terra, o cheiro a seiva.

Nasci em Lisboa, "a linda cativa de
sete colinas", "a beleza que provoca o Tejo",
nas pedras que piso, nas ruas que passo.

Mas quero o campo agreste ou suave,
o cheiro da terra molhada pelas primeiras chuvas,
o odor do rosmaninho e alecrim.

Apetece-me comer terra ou enterrar nela os dedos.
Perdoa minha cidade.

 
5 de Janeiro de 1970