Há pouco mais de um ano, publiquei o seguinte artigo num outro blogue. Volto a publicá-lo porque lhe encontro ainda mais actualidade.
"A situação que a Nação está a viver é terrível, não só pelas
restrições que têm caído sobre o povo português, a existência de milhares de
desempregados, o aumento da pobreza extrema, como pela destruição das funções
sociais do Estado.
Enquanto,
amanhã no Parlamento, se estará a debater o Estado da Nação, realiza-se o
primeiro dia da Greve Nacional dos Médicos em defesa do Sistema Nacional de
Saúde.
Convergindo
com a luta dos médicos, está marcada para Lisboa uma manifestação de
Professores, Educadores e Investigadores promovida pela FENPROF, manifestação
de protesto, indignação e exigência de condições que permitam a continuação de
um dos mais importantes pilares da nossa democracia, a Escola Pública.
Para
além das reivindicações profissionais destes dois sectores, e o debate
parlamentar assim o evidenciará, estas duas lutas têm como denominador comum a
defesa de Funções Sociais do Estado que o atual Governo, alicerçado no
“patriótico” acordo com a troika, tem
procurado destruir: o Sistema Nacional de Saúde e a Escola Pública. A
destruição, o desejo de que a mesma se efetive são notórios. Depois de o
Tribunal Constitucional se ter pronunciado sobre a inconstitucionalidade da
suspensão dos subsídios a funcionários públicos e aposentados, o
primeiro-ministro Passo Coelho questionou a oposição sobre “onde se poderia
cortar mais na Educação e na Saúde” (cito de memória). Porque se terá lembrado
logo da Saúde e da Educação?
As
medidas que se têm verificado na Educação e que se prefiguram para o próximo
ano letivo (super – mega – agrupamentos, a chamada revisão curricular, o
aumento do número de alunos por turma) têm um só sentido: cortar. Prevê-se um
aumento abissal do desemprego docente, cerca de 25 mil entre professores contratados
e dos quadros Mas mais: a Educação deixará de ter como objetivo principal a
formação integral de indivíduos, conscientes e críticos, capazes de se
adaptarem a um mundo em constante mudança, onde o conhecimento explode a passos
largos (não confundir com passos de coelho).
Neste
momento, há razão para que todos os Portugueses se preocupem com a Escola
Pública como parte integrante do Estado Social e a (não) qualidade das suas
respostas. Recordemos Martin Niemoller.
"Primeiro,
os nazis vieram buscar os comunistas, mas, como eu não era comunista, eu me
calei.
Depois, vieram
buscar os judeus, mas, como eu não era judeu, eu não protestei.
Então, vieram
buscar os sindicalistas, mas, como eu não era sindicalista, eu me calei. Então,
eles vieram buscar os católicos e, como eu era protestante, eu me calei.
Então, quando
vieram buscar-me... Já não restava ninguém para protestar."